Relatório de Tendências 2026: Cooperativismo, Crédito e Agro | Quanta Previdência

Relatório de

TENDÊNCIAS 2026

Uma análise profunda sobre o futuro do
Cooperativismo, Crédito e Agronegócio no Brasil

Estratégia Inovação ESG
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Inteligência de Mercado

Relatório de Tendências 2026:
Cooperativismo e Cooperativas no Brasil

Uma análise profunda sobre o futuro do Crédito, Agronegócio e Gestão de Pessoas em um cenário de transformação.

Introdução

O cooperativismo desponta como uma força transformadora na economia global e brasileira, unindo crescimento econômico com impacto social. Em 2025, a ONU declarou o Ano Internacional das Cooperativas, reconhecendo o potencial desse modelo para “construir um mundo melhor”. Hoje são mais de 1 bilhão de cooperados mundialmente, atuando em mais de 3 milhões de cooperativas. No Brasil, o movimento cresceu 66% em cinco anos, alcançando 25,8 milhões de cooperados em 2024 – equivalentes a 12% da população.

Este relatório de inteligência de mercado apresenta tendências estratégicas para 2026 focadas nas cooperativas de crédito e agronegócio, setores pilares do cooperativismo brasileiro, com insights globais e locais. Combinando inspiração e análise, o objetivo é munir RHs e dirigentes cooperativistas de informações valiosas para inovar, fortalecer a cultura cooperativa e aproveitar oportunidades – inclusive na oferta de benefícios como previdência complementar – em um cenário competitivo e em rápida transformação.

Panorama Global do Cooperativismo (2025-2026)

O cenário global evidencia o cooperativismo como modelo resiliente e em expansão, posicionando-se como resposta a desafios atuais. Alguns destaques mundiais:

Escala e Impacto Mundial

As maiores cooperativas do mundo atingem faturamentos gigantes – as líderes são grupos financeiros como Crédit Agricole e BPCE (França) e a varejista REWE (Alemanha). Juntas, as 300 maiores cooperativas e mútuas somam cerca de US$ 2,8 trilhões em faturamento. Essa presença econômica vem acompanhada de impacto social: cooperativas estão presentes em diversos setores (finanças, agro, saúde, energia), sempre colocando pessoas antes do lucro e gerando prosperidade compartilhada. Representantes do setor enfatizam que, em um mundo de incertezas econômicas e sociais, “o modelo cooperativo emerge como um farol de esperança, capaz de fomentar crescimento inclusivo, prosperidade compartilhada e resiliência comunitária”.

Crescimento de Membros e Ativos

O cooperativismo financeiro mostra vigor global. Em 2023, as cooperativas de crédito ultrapassaram 411 milhões de membros no mundo, com ativos somando US$ 3,7 trilhões. Nos últimos 10 anos houve aumento de 89% no número de cooperados e os ativos mais que dobraram, impulsionados especialmente pela Ásia e América Latina. Países como Brasil (+12% em membros em 2023) e Nepal (+18%) lideram esse crescimento. A tendência é continuar avançando para atingir a meta ambiciosa de 1 bilhão de cooperados globais, com 50% de participação feminina, levando inclusão financeira a populações vulneráveis.

Reconhecimento e Apoio Institucional

Organismos internacionais reforçam o papel das cooperativas no desenvolvimento sustentável. A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) lançou em 2025 um plano estratégico “Praticar, Promover e Proteger”, traçando uma agenda até 2030 com cinco pilares: (1) aumentar a visibilidade e adesão ao cooperativismo, (2) promover inclusão (mulheres, jovens e grupos diversos), (3) melhorar o ambiente regulatório, (4) fortalecer a cooperação entre cooperativas e (5) impulsionar a inovação e competitividade. Esse roadmap global posiciona as cooperativas como solução para desafios como mudanças climáticas, desigualdade e a queda de confiança nas instituições tradicionais – áreas em que o modelo cooperativo, baseado em confiança mútua e benefício coletivo, tem vantagem comparativa.

Economia Social e ESG

A valorização da economia social e solidária vem crescendo. Políticas como o Plano Europeu de Economia Social (2023) incorporam cooperativas em estratégias industriais. No mundo todo, cooperativas alinham suas estratégias aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), evidenciando compromisso com sustentabilidade ambiental e desenvolvimento comunitário. Por exemplo, cooperativas de diversos países investem em projetos de energia limpa, agricultura sustentável e inclusão financeira, mostrando que propósito social e desempenho econômico andam juntos.

Em suma, o cooperativismo entra em 2026 fortalecido globalmente. O modelo se prova resiliente, inovador e relevante – “outra forma de fazer negócios não só é possível, ela já existe”, como defende Ariel Guarco, presidente da ACI. Essa combinação de escala econômica, impacto social e confiança do público forma a base das tendências que detalharemos a seguir, com ênfase nos setores de crédito e agronegócio e no fator humano nas cooperativas.

Cooperativismo Brasileiro: Força e Crescimento

No Brasil, o cooperativismo vive um momento histórico de expansão e diversificação, consolidando-se como um dos motores do desenvolvimento socioeconômico. Dados recentes do Anuário do Cooperativismo Brasileiro ilustram esse vigor:

Expansão da Base de Cooperados

Em 2024 o país alcançou 25,8 milhões de cooperados, um salto de 66% em cinco anos. Isso equivale a quase 1 em cada 8 brasileiros fazendo parte de uma cooperativa, e 23% da população ocupada do país. O crescimento exponencial demonstra que milhões de pessoas buscam no cooperativismo um modelo baseado em confiança, solidariedade e desenvolvimento compartilhado.

Atuação Econômica Ampla

São 4.384 cooperativas registradas no Sistema OCB (2024), presentes em 3.586 municípios e em ramos variados. O movimento cooperativista brasileiro gerou R$ 757,9 bilhões em receitas em 2024, alta de 9,5% sobre o ano anterior. Essa atividade gerou 578 mil empregos diretos, com destaque para a participação feminina de 52% desses postos – sinal de inclusão e diversidade. Além disso, as cooperativas distribuíram R$ 51,4 bilhões em sobras aos membros em 2024 (crescimento de 32% vs. 2023) e pagaram R$ 41,5 bilhões em salários e encargos (+30,9%), reforçando o papel na geração de renda e na valorização dos colaboradores.

Liderança em Setores Estratégicos

Dois ramos sobressaem no cooperativismo nacional – Agropecuário e Crédito. As cooperativas agropecuárias respondem por impressionantes 53% da produção nacional de grãos e fibras, consolidando o Brasil como potência agrícola com base cooperativa. Já as cooperativas de crédito vivenciam expansão em todos os indicadores: atingiram 20,1 milhões de cooperados, empregam mais de 120 mil pessoas, ampliaram carteiras de crédito e ativos, e hoje são a única instituição financeira presente fisicamente em 469 municípios do país. Ou seja, em centenas de comunidades, o banco que existe é a cooperativa – atuando como agente de inclusão financeira e desenvolvimento local.

Reconhecimento Global

O avanço brasileiro acontece em sintonia com o contexto internacional. O fato de 2025 ter sido declarado pela ONU o Ano Internacional das Cooperativas sublinha que o Brasil está na vanguarda dessa transformação. Lideranças nacionais ressaltam que o cooperativismo cresceu de forma consistente e sólida, fruto de fortalecimento institucional e da entrega de resultados concretos para as pessoas. Em um país de dimensões continentais e grandes desigualdades regionais, as cooperativas mostram capacidade de ampliar alcance sem perder a essência, levando serviços onde antes não chegavam e empoderando economicamente milhões de famílias.

Esse panorama evidencia que o cooperativismo brasileiro entra em 2026 robusto e maduro, porém desafiado a continuar inovando. Nos tópicos seguintes, exploramos tendências-chave nos ramos de crédito e agro, que concentram boa parte dos cooperados, além de tendências de gestão de pessoas que permeiam todo o setor. Entender essas dinâmicas será crucial para dirigentes e gestores de RH traçarem estratégias assertivas – seja para adoção de novas tecnologias financeiras, práticas agrícolas sustentáveis ou iniciativas de capacitação e benefícios aos cooperados e colaboradores.

Tendências 2026 – Cooperativas de Crédito

As cooperativas de crédito (incluindo cooperativas financeiras e credit unions) enfrentam um ambiente em rápida evolução tecnológica e regulatória, marcado por concorrência de fintechs e bancos digitais, ao mesmo tempo em que preservam seu diferencial de proximidade com o associado. As principais tendências para 2026 nesse segmento incluem:

Consolidação e Escala

Uma tendência clara é a redução do número de cooperativas através de fusões estratégicas, criando instituições de maior porte e eficiência. No Canadá, por exemplo, diversos processos de fusão elevaram os ativos totais do sistema cooperativo enquanto o número de cooperativas caiu. Entre 2014 e 2023, apesar da diminuição de cooperativas, os ativos dobraram. Reguladores têm incentivado a consolidação por enxergar ganhos de resiliência, rentabilidade e competitividade. Cooperativas maiores podem: diversificar a base de sócios e carteiras, compartilhar custos crescentes de tecnologia e compliance, eliminar redundâncias operacionais e investir mais em inovação. No Brasil, apesar do número de cooperativas de crédito ter se estabilizado nos últimos anos (~690 cooperativas em operação), observa-se formação de sistemas e centrais mais robustos. A busca por escala deve continuar em 2026, para permitir às cooperativas competir de igual para igual com bancos tradicionais em um mercado cada vez mais regulado e tecnológico.

Digitalização e Fintech

A transformação digital é imperativa. Cooperativas de crédito estão adotando novas tecnologias para aprimorar a experiência do cooperado e ganhar eficiência. Por exemplo, 28% das cooperativas financeiras planejam implementar ferramentas de IA generativa até 2025, buscando personalizar serviços e automatizar processos. Além disso, cerca de 38% já oferecem pagamentos em tempo real (instantâneos), acompanhando a evolução do sistema financeiro digital. No Brasil, casos como o do Sicoob e Sicredi ilustram essa corrida tecnológica: ambas investiram em aplicativos móveis, integração com Pix, e adoção de open banking para oferecer produtos de terceiros aos cooperados. O Sicredi inclusive implantou metodologias ágeis (squads, Scrum, etc.) para acelerar o desenvolvimento de soluções digitais e conseguiu reduzir drasticamente o tempo de entrega de novos produtos, posicionando-se no mesmo nível inovador dos grandes bancos. A tendência para 2026 é aprofundar essa digitalização – com cooperativas adotando analytics, chatbots com IA, computação em nuvem e parcerias com fintechs – sempre equilibrando tecnologia com o toque humano característico do cooperativismo.

Concorrência e Novos Entrantes

As big techs e fintechs são vistas como as maiores ameaças pelos executivos de instituições financeiras cooperativas. Plataformas digitais de crédito, pagamentos e investimentos vêm ganhando clientes pela conveniência. Em resposta, cooperativas de crédito tendem a diferenciar-se pelo relacionamento e pela confiança construída localmente. No entanto, precisam também inovar em modelos de negócio: oferecer serviços além do crédito tradicional (seguros, previdência, consórcios), criar marketplaces para os cooperados e até explorar nichos como moedas locais ou coopcoins. A regulação aberta (open finance) traz oportunidades de parcerias e intercâmbio de dados para ofertar melhores produtos. Veremos cooperativas buscando se tornar hubs financeiros completos da comunidade, aproveitando a credibilidade de serem instituições dos próprios usuários em contraste com bancos com fins lucrativos.

Foco em Crescimento de Base e Jovens

Diferentemente dos bancos convencionais, muitas cooperativas têm no crescimento do número de membros sua principal métrica de sucesso. Pesquisas apontam que atrair novos cooperados é a maior preocupação de dirigentes de cooperativas de crédito para 2025. Há um esforço setorial em modernizar a marca cooperativa para atrair o público jovem e urbano, que muitas vezes desconhece o modelo. Iniciativas educacionais, presença ativa em meios digitais e oferta de produtos voltados a jovens (como contas digitais simplificadas, crédito estudantil ou fintechs cooperativas) devem ganhar força. Além disso, cooperativas reforçarão seu diferencial de educação financeira e atendimento personalizado como forma de conquistar quem busca um relacionamento menos impessoal que o oferecido pelas grandes instituições.

Propósito, ESG e Confiança

O propósito cooperativo – de atender às necessidades dos membros e da comunidade – é cada vez mais um ativo estratégico. Em uma era de desconfiança nas instituições, cooperativas são vistas como mais confiáveis e alinhadas aos valores de sustentabilidade e responsabilidade social. Isso se reflete em tendências como: oferta de crédito sustentável (linhas verdes para energia solar, agricultura de baixo carbono), políticas de governança participativa e maior transparência na gestão. Muitas cooperativas de crédito já reportam indicadores ESG e destacam seu impacto local (ex.: apoio a pequenos negócios, projetos sociais patrocinados pelo fundo de promoção social alimentado pelas sobras). Em 2026, espera-se um aumento de cooperativas financeiras financiando projetos alinhados aos ODS – como saneamento básico, energias renováveis ou empreendimentos de economia solidária – reforçando o papel dessas instituições como bancos comunitários do desenvolvimento sustentável.

Regulação e Estabilidade

No front regulatório, 2026 deve trazer novos desafios e oportunidades. Autoridades monetárias pelo mundo avaliam ajustar normas para acompanhar a digitalização (como regulamentar fintechs, open finance e uso de criptoativos). Para cooperativas, podem surgir marcos facilitadores – no Brasil discute-se permitir que cooperados tenham acesso a garantias do Fundo Garantidor em níveis maiores, ou flexibilizar regras de captação. Ao mesmo tempo, espera-se maior cobrança por gestão de riscos prudencial dado o crescimento em ativos. Cooperativas sólidas terão oportunidade de demonstrar que seu modelo de propriedade difusa e foco no longo prazo traz estabilidade (vale lembrar que cooperativas de crédito não estiveram no centro das recentes crises bancárias internacionais). A colaboração entre cooperativas (princípio da intercooperação) também tende a se intensificar, seja compartilhando infraestruturas de TI, seja unindo-se para oferecer serviços de cartão, câmbio, etc., o que as ajudará a cumprir requisitos regulatórios de forma mais eficiente.

Em resumo, as cooperativas de crédito em 2026 precisarão “vestir dois chapéus”: o da inovação tecnológica e competitividade de mercado, e o do compromisso social e relacional com o cooperado. Quem conseguir equilibrar essas dimensões estará melhor posicionado para crescer de forma sustentável. Os dirigentes de RH terão papel crítico em apoiar essa agenda dupla – atraindo talentos com perfil digital, treinando equipes para novas competências e ao mesmo tempo cultivando a cultura cooperativista que faz dessas instituições algo único no sistema financeiro.

Tendências 2026 – Cooperativas Agropecuárias

As cooperativas agropecuárias enfrentam um contexto de agronegócio 4.0, mudanças climáticas e mercado globalizado, onde precisam entregar valor ao produtor e ao mesmo tempo atender demandas de sustentabilidade e rastreabilidade dos consumidores. As tendências para 2026 nesse ramo indicam uma combinação de inovação tecnológica no campo e fortalecimento do papel socioeconômico das cooperativas rurais:

Agricultura de Precisão e Dados

A digitalização do campo avança rapidamente, com cooperativas sendo vetores de difusão tecnológica entre produtores. Ferramentas de agricultura de precisão – sensores IoT, satélites, Big Data e IA – estão cada vez mais acessíveis via cooperativas. Uma pesquisa de 2025 apontou que 72% dos agricultores cooperados já utilizam planos agrícolas orientados por dados para melhorar resiliência e sustentabilidade das lavouras. Tendências para 2026 incluem: uso massivo de drones para monitoramento aéreo de lavouras (permitindo detecção precoce de pragas e aplicação localizada de insumos); plataformas integradas que analisam imagens de satélite e dados meteorológicos para recomendar ações (época ideal de plantio, adubação precisa, etc.); e assistentes virtuais agrícolas fornecendo recomendações de IA aos cooperados. Cooperativas como a Coamo (Brasil) ou grandes coops dos EUA e Europa têm investido em laboratórios de inovação agronômica para oferecer esses serviços. O resultado esperado é mais produtividade com menos insumos, reduzindo custos e impactos ambientais.

Tecnologias Hídricas e Irrigação Inteligente

Diante de eventos climáticos extremos e necessidade de eficiência hídrica, cooperativas impulsionam a adoção de tecnologias de irrigação de ponta. Estima-se que até 2026 mais de 65% das cooperativas agro utilizarão bombas e sistemas de irrigação avançados integrados a sensores de solo e clima. Esses sistemas permitem controlar remotamente a irrigação, aplicar a quantidade exata de água conforme a fase da cultura e até desligar automaticamente em caso de chuva, economizando água e energia. Em regiões sujeitas a secas, essa tecnologia é vital – e coops podem negociar preços melhores e facilitar financiamento para que pequenos produtores adotem. Tecnologias como gotejamento inteligente, pivôs centrais automatizados e microaspersão estarão amplamente difundidas, aumentando a eficiência hídrica em até 35% segundo projeções. Com o clima tornando-se mais imprevisível, espera-se que cooperativas também implementem sistemas de alerta meteorológico e planos de contingência para apoiar o produtor frente a secas, geadas e enchentes, minimizando perdas.

Rastreabilidade e Blockchain

Consumidores e importadores exigem cada vez mais transparência sobre a origem dos alimentos – se foram produzidos de forma sustentável, sem desmatamento ou trabalho irregular. Em resposta, cooperativas estão adotando blockchain e sistemas de rastreabilidade “do campo à mesa”. Até 2026, muitos sistemas cooperativos terão plataformas onde cada lote de produto pode ser seguido digitalmente, garantindo informações confiáveis de origem, qualidade e certificações. Por exemplo, cooperativas de café já implementam blockchain para rastrear desde o produtor até a torrefação. Conforme um relatório, sistemas com blockchain em coops permitem monitorar todas as etapas da cadeia, evitando fraudes e agregando valor de mercado ao produto. Essa tecnologia aumenta a confiança dos compradores e ajuda produtores a obter prêmios por qualidade e autenticidade. Associado a isso, crescerá o uso de QR codes em embalagens para que o consumidor final acesse a história do produto e dos cooperados que o produziram. Essa tendência se tornará praticamente um padrão para cooperativas exportadoras de alimentos, carnes, lácteos e fibras.

Sustentabilidade e Carbono Zero

A pauta ESG é central também no agro. Cooperativas estão se posicionando para liderar uma transição rumo à agricultura de baixo carbono e regenerativa. Em 2026, veremos iniciativas como: programas cooperativos de carbon footprinting, nos quais a cooperativa mede a pegada de carbono das propriedades dos associados e orienta práticas de mitigação; estímulo a plantio direto, rotação de culturas, agroflorestas e uso de energia renovável nas fazendas. Algumas coops já auxiliam produtores a emitir créditos de carbono por adotar tais práticas, gerando renda adicional para o agricultor. Segundo estudos, cerca de 38% das cooperativas agro já empregam ferramentas de gestão de carbono em 2025 – número que deve crescer. Além disso, espera-se maior adesão a certificações sustentáveis (Rainforest Alliance, orgânico, Fair Trade), com as cooperativas ajudando no processo de certificação e acesso a mercados diferenciados. Esse engajamento sustentável não é apenas marketing verde: cooperações agrícolas reconhecem que práticas conservacionistas elevam a produtividade de longo prazo, melhoram a saúde do solo e reduzem dependência de insumos caros, tornando o negócio mais resiliente.

Serviços Financeiros e Seguros Inovadores

A proteção financeira do produtor é outra frente de inovação. Cooperativas agrícolas estão facilitando acesso a crédito rural, seguro agrícola e outros serviços financeiros por meio da tecnologia. Por exemplo, com imagens de satélite e dados de campo integrados, já é possível validar remotamente a situação das lavouras para aprovar empréstimos ou indenizações de seguro quase em tempo real. Até 2026, cooperativas tendem a lançar plataformas online de financiamento coletivo para safra (onde cooperados podem investir uns nos outros) e seguro paramétrico (que paga automaticamente o agricultor se indicadores climáticos atingirem certo nível de estiagem ou chuva). A inclusão financeira rural também avança: cooperativas de crédito ampliam sua presença junto às agropecuárias, levando contas digitais e microcrédito a pequenos produtores que antes dependiam de agentes informais. Essas inovações reduzem burocracia e custos, beneficiando especialmente agricultores familiares e cooperados de menor porte, e expandem a rede de segurança financeira no campo.

Fortalecimento da Cooperação e Escala

No agronegócio globalizado, tamanho e união importam. As cooperativas agropecuárias brasileiras, algumas com dezenas de milhares de membros, continuarão movimentos de intercooperação e fusões para ganhar escala em processamento e comercialização. Já existem cooperativas centrais que reúnem várias coops para exportar soja, café, suco de laranja ou carnes com marca única, aumentando poder de barganha internacional. Essa tendência deve se consolidar, inclusive com parcerias entre cooperativas de países diferentes para acessar mercados (por exemplo, coops da América do Sul fazendo joint-venture de exportação). Internamente, a escala permite investir em industrialização (cooperativas expandindo para áreas de alimentos processados, laticínios de valor agregado, bioenergia etc.). Quanto mais etapas da cadeia a cooperativa abranger, maior a captura de valor para o cooperado e menor a vulnerabilidade a flutuações de preço de commodities. Em 2026, espera-se ver cooperativas agro diversificando negócios – de trading e logística própria a fabricação de insumos biológicos – rumo a um modelo de ecossistema cooperativo completo atendendo o produtor.

Resiliência Climática e Gestão de Riscos

Eventos climáticos extremos e volatilidade de mercado são quase a nova normalidade no agro. Cooperativas tendem a assumir papel de gestoras de risco coletivas. Além de incentivar seguros e tecnologias já mencionados, devem criar fundos mutualistas para emergências (caixa comum para socorrer cooperados após desastres naturais), investir em armazenagem e logística para segurar produtos na entressafra e vender em melhores condições, e oferecer treinamento contínuo em práticas resilientes. A lógica é: juntos, os agricultores diluem riscos que sozinhos não conseguiriam enfrentar. Isso reforça a relevância da cooperativa como porto seguro em momentos de crise. Não por acaso, líderes afirmam que “cooperativas são críticas para a resiliência econômica rural, agregando poder de barganha e garantindo que até o menor produtor possa prosperar num cenário complexo”. Em 2026, essa afirmação tende a ser testada e comprovada na prática.

Desafios de Infraestrutura e Capacitação

Vale notar que nem tudo são facilidades – a transformação digital no campo ainda encontra obstáculos, especialmente em regiões remotas. No Brasil e outros países emergentes, limitações como conectividade precária e falta de capital para investimento dificultam a adoção tecnológica plena. Por exemplo, no Vietnã apenas 13,6% das 35 mil cooperativas agropecuárias completaram sua transformação digital, enquanto 36% nem iniciaram. As demais estão no processo, esbarrando em desafios de capacitação de pessoal (apenas ~15% dos colaboradores dominam TI) e infraestrutura deficiente em áreas rurais. Cientes disso, governos e sistemas cooperativistas vêm implementando programas de apoio: no Brasil, o Sistema OCB tem o InovaCoop para difundir conhecimento e recursos em digitalização; há também crédito rural subsidiado para inovação tecnológica. A expectativa é que em 2026 esse gap tecnológico comece a se fechar gradualmente, com internet rural via satélite ou 5G chegando a mais localidades e iniciativas de treinamento digital formando uma nova geração de agrônomos e técnicos cooperativos habilitados em TI. Superar esses gargalos será crucial para que todas as cooperativas – e não apenas as maiores – se beneficiem das tendências positivas.

Resumindo, as cooperativas agropecuárias em 2026 caminham para serem verdadeiros hubs de inovação e sustentabilidade no agronegócio. Elas combinam a inteligência coletiva e poder de negociação do modelo cooperativo com tecnologia de ponta e práticas sustentáveis para aumentar a competitividade do produtor. Para os dirigentes e equipes das coops agro, isso exigirá visão estratégica para investir nas inovações certas, parcerias (com startups AgTech, universidades, instituições públicas) e intenso trabalho de educação dos cooperados para adoção de novas práticas. O resultado almejado é um círculo virtuoso: cooperados mais eficientes e resilientes gerando cooperativas mais fortes, e vice-versa – fortalecendo assim a liderança do cooperativismo na agricultura nacional e internacional.

Pessoas, Cultura e Gestão: O Fator Humano no Cooperativismo

No cerne do cooperativismo está o elemento humano – pessoas que se unem em torno de valores e objetivos comuns. Por isso, tendências de gestão de pessoas, cultura organizacional e liderança são transversais a todos os ramos cooperativos. Para 2026, algumas diretrizes importantes voltadas a RHs e dirigentes incluem:

Formação e Capacitação Contínua

A educação é um princípio cooperativista (5º princípio) e ganha renovada importância frente às transformações tecnológicas e de mercado. Cooperativas estão investindo em programas robustos de treinamento e desenvolvimento para seus colaboradores e associados, visando atualizar habilidades em áreas como literacia digital, análise de dados, atendimento consultivo e gestão de inovação. Como visto, a transformação digital exige novas competências – o Sicredi, por exemplo, ao implementar sua virada ágil, precisou capacitar mais de 30 mil colaboradores em novas metodologias e cultura de inovação. Globalmente, entidades cooperativas (ACI, OIT etc.) promovem iniciativas de formação de jovens líderes cooperativistas, preparando a próxima geração. Em 2026, espera-se que Universidades Cooperativas e parcerias acadêmicas se expandam, oferecendo desde cursos técnicos até MBAs focados em gestão cooperativa, sucessão e inovação social. Esse investimento em conhecimento é fundamental para que cooperativas mantenham vantagem competitiva e continuem fiéis à sua identidade.

Atração de Talentos e Marca Empregadora

À medida que cooperativas crescem e competem por talentos com empresas convencionais, há uma preocupação maior em fortalecer a marca empregadora cooperativa. Pesquisas mostram que trabalhadores jovens buscam propósito no emprego – e as cooperativas têm essa proposta intrínseca de impacto comunitário. RHs cooperativos devem capitalizar isso, comunicando os diferenciais de trabalhar em coop: ambiente participativo, foco em pessoas, retorno à comunidade e possiblidade de se tornar sócio. Programas de trainee e estágios exclusivos para cooperativas podem atrair recém-formados interessados em finanças sustentáveis ou agronegócio sustentável, por exemplo. Além disso, cooperativas estão modernizando políticas de RH: adotando trilhas de carreira bem definidas, planos de sucessão (evitando dependência excessiva de dirigentes veteranos) e remuneração compatível com o mercado, complementada por benefícios competitivos. Um desses benefícios que ganha espaço é justamente a previdência privada para cooperados e funcionários, muitas vezes oferecida via cooperativas de seguros ou fundos mútuos do próprio sistema – o que alinha a estratégia de cuidar do futuro financeiro de sua comunidade interna.

Diversidade, Inclusão e Renovação Geracional

Historicamente pautadas pela inclusão, as cooperativas reforçam esse valor nas práticas de RH atuais. Há um empenho em ampliar a participação de mulheres e jovens nos quadros e nos cargos de liderança, quebrando possíveis barreiras culturais. No Brasil, as mulheres já são maioria entre os empregados de cooperativas (52%) e vêm assumindo mais posições gerenciais e em conselhos – tendência que deve crescer com incentivos a programas de liderança feminina. Em nível global, a ACI e a OCB têm comitês de jovens cooperativistas e metas para rejuvenescimento do quadro social, garantindo a perenidade do movimento. Em 2026, cooperativas devem lançar iniciativas como “Coop Mentoria Jovem” (conectando líderes seniores e talentos em início de carreira), cotas ou metas de diversidade em conselhos, e fóruns para dar voz a grupos sub-representados. Isso não é apenas questão de justiça – estudos indicam que diversidade gera melhores decisões e inovação. Ao renovar e pluralizar suas lideranças, o cooperativismo se mantém contemporâneo e preparado para as mudanças sociais.

Cultura Cooperativista e Engajamento

Manter vivos os valores e a cultura cooperativista dentro de organizações cada vez maiores e mais tecnológicas é um desafio-chave. Em 2026, os RHs estarão focados em engajamento: como garantir que cada funcionário e cooperado compreenda e viva os princípios de ajuda mútua, participação democrática, interesse pela comunidade etc. Muitas cooperativas estão revisitando seu processo de integração (onboarding) para incluir forte imersão na identidade cooperativa. Também ganham força as campanhas internas de endomarketing sobre propósito e histórias de sucesso cooperativo, além de eventos como dias do cooperativismo envolvendo funcionários em ações sociais. Medir o engajamento através de pesquisas de clima e adesão a assembleias torna-se prática comum. A tecnologia também apoia – redes sociais corporativas e apps internos facilitam a comunicação horizontal e o senso de comunidade mesmo em cooperativas com milhares de membros. A ideia central é que, apesar do crescimento e da profissionalização, a cooperativa não perca sua “alma” – o sentimento de pertencimento e a confiança mútua entre as pessoas. Isso é algo que nenhuma startup fintech consegue replicar facilmente e continua sendo vantagem competitiva das cooperativas se bem cultivado.

Modelos de Trabalho Flexíveis e Bem-Estar

Assim como outras empresas, cooperativas adotaram amplamente o home office e trabalho híbrido durante a pandemia, e para 2026 muitas devem consolidar modelos flexíveis. Setores como crédito e saúde cooperativa, que podem operar digitalmente, já oferecem arranjos de teletrabalho parcial, aumentando a satisfação sem prejudicar resultados. Junto a isso, há foco crescente em bem-estar e qualidade de vida dos colaboradores e associados. Cooperativas têm lançado programas de saúde mental, auxílio educação, e incentivado a participação dos funcionários em atividades comunitárias (voluntariado corporativo), o que reforça propósito e diminui estresse. A noção de “cooperativa cuidando da sua gente” se traduz em benefícios que vão além do salário: licenças parentais estendidas, horários flexíveis na safra/escola, e claro, planos de previdência complementar para oferecer segurança de longo prazo. Esses benefícios integrados não apenas melhoram o clima organizacional, mas também exemplificam internamente os valores cooperativos de solidariedade.

Governança e Profissionalização com Identidade

No nível de liderança, as cooperativas caminham para modelos de governança híbrida – profissionalização com manutenção da essência democrática. Cada vez mais, dirigentes vêm de formações diversas e trazem expertise técnica (financeira, tecnológica), porém precisam equilibrar isso com a representatividade dos membros. Em 2026, espera-se ver conselhos de administração mais pluralistas e capacitados, conselheiros independentes onde a lei permitir, mas sempre com accountability aos cooperados. Ferramentas de compliance, auditorias e gestão por indicadores serão padrão, mas as decisões estratégicas continuarão seguindo o ritmo diferente do cooperativismo – considerando o retorno ao membro e não apenas lucro imediato. Essa dualidade na liderança – profissional e associativa – exige programas de desenvolvimento de dirigentes (muitos sistemas já têm academias de conselheiros) e uma cultura de transparência radical. O RH e a governança precisam andar juntos na tarefa de avaliar desempenho não só financeiro, mas também de impacto social e adesão aos princípios. Os líderes cooperativistas do futuro serão aqueles capazes de inspirar pelo exemplo de compromisso com a comunidade, ao mesmo tempo em que guiam a organização por ambientes regulatórios e mercadológicos complexos.

Em síntese, o fator humano permanecerá no centro do diferencial competitivo das cooperativas. Empresas convencionais podem até imitar produtos ou tecnologia, mas não conseguem replicar facilmente uma cultura centenária de cooperação e confiança. Cabe aos profissionais de RH e dirigentes zelar para que cada mudança tecnológica ou estratégica venha acompanhada de investimentos proporcionais nas pessoas – seja em capacitação, bem-estar ou engajamento nos valores. Assim, as cooperativas continuarão sendo, em 2026 e além, ambientes onde trabalhar vale a pena não só pelo salário, mas pelo propósito de “construir um mundo melhor” em comunidade.

Conclusão

As tendências apresentadas revelam um cooperativismo em plena evolução e mais relevante do que nunca em 2026. Seja nas finanças, conectando milhões de pessoas a serviços justos e impulsionando economias locais, ou no agronegócio, garantindo sustentabilidade e inovação no campo, as cooperativas mostram caminhos novos para velhos desafios. Em todos os setores, a tônica é similar: colaboração, tecnologia e propósito andam juntos.

Para os dirigentes e profissionais de RH das cooperativas brasileiras, esse panorama traz importantes lições estratégicas. Será fundamental priorizar a inovação contínua, adotando as ferramentas digitais e práticas de gestão mais modernas, sem abdicar da identidade cooperativa. Também será preciso investir nas pessoas – preparar lideranças jovens, requalificar equipes para a era digital, ampliar diversidade e cuidar do bem-estar – pois são elas que efetivarão na ponta cada inovação ou novo serviço. E, sobretudo, é vital reforçar o compromisso com os valores cooperativistas em cada decisão de negócios: a preocupação ambiental, a responsabilidade social e a democracia interna não são acessórios, mas sim o alicerce da perenidade do modelo.

Em última instância, o que se desenha para 2026 é a consolidação das cooperativas como protagonistas de um modelo econômico mais inclusivo e resiliente. Como destacou a Aliança Cooperativa Internacional, cooperativas estão transformando indústrias – da agricultura às finanças – ao colocar pessoas antes do lucro e criar prosperidade compartilhada. No Brasil, esse potencial já se evidencia nos números recordes de cooperados e na presença marcante em setores-chave. Cabe agora às cooperativas aproveitarem as tendências globais e liderarem pelo exemplo, inspirando confiança em mais pessoas.

Ao baixar este relatório, você – gestor, dirigente ou entusiasta do cooperativismo – tem em mãos insights valiosos para planejar os próximos passos. Que essas tendências sirvam de inspiração para ações concretas em sua cooperativa, seja implementando um novo projeto de transformação digital, desenvolvendo um programa de previdência para cooperados ou formando um comitê jovem. Lembre que cada iniciativa, por menor que pareça, quando somada no coletivo cooperativo, produz um impacto enorme na sociedade. Juntos, cooperando, construiremos o futuro do cooperativismo em 2026 – um futuro que, ao que tudo indica, será cada vez mais brilhante, sustentável e prosperará para todos.

Fonte das informações: Relatório elaborado com base em dados do Sistema OCB e Aliança Cooperativa Internacional, análises de consultorias (ex: Deloitte, KPMG) e estudos setoriais recentes, entre outros. Para detalhes e referências completas, ver citações ao longo do texto. Fique à vontade para entrar em contato e discutir como essas tendências podem se aplicar à realidade da sua cooperativa – afinal, inteligência de mercado ganha valor de verdade quando impulsiona a ação. Boas cooperativas fazem bom uso da informação, e excelentes cooperativas a transformam em inovação e vantagem competitiva. Vamos em frente, cooperando e inovando sempre!

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